Hannah Brandt chega ao Brasil em 1935, aos 12 anos, vinda da Holanda, depois da família fugir da Alemanha nazista. Quando criança, para se fazer entender, desenhava. Já adulta, ao conhecer a gravura em madeira, se encontrou.
Entre seus temas frequentes, estão paisagens brasileiras e letras do alfabeto hebraico. Dizia sempre que transmitia seus “sentimentos para a madeira” e a intimidade com esse material é extrovertida no refinamento técnico e no entalhe acurado, exibindo diferentes veios e texturas típicas da xilogravura. Formas dinâmicas, profundidade e volume, desafios para essa técnica, são encontrados em todos os trabalhos aqui apresentados.

Hannah Brandt, Lembra-te (1990). Crédito: Reprodução/ Acervo Museu Judaico de São Paulo
Durante suas viagens, trouxe croquis que transformou em gravuras. Para as festas, especialmente no Ano Novo, fazia pequenas xilogravuras e presenteava os amigos. São jóias que conservamos até hoje.
“Suba, abra as gavetas e escolha o que quiser.” Foi o que Hannah me disse quando fui ao seu ateliê selecionar obras para a coleção incipiente do Museu.
Quando ela falece, em 2020, sua filha nos doa gravuras bíblicas e outros itens. Hoje, o MUJ tem a honra de abrigar o maior acervo da artista.
A exposição Hannah Brandt: Vejo tudo com o coração está dividida em núcleos que agrupam letras, paisagens brasileiras e temas judaicos. Em entrevista ao nosso Núcleo de História Oral, diz “O que eu faço é o que eu sinto e vem de dentro de minha alma” e foi esse sentimento que ensaiamos expor aqui.