FliMUJ

3º Festival Literário
Museu Judaico SP

Como reparar o mundo?

Na tradição judaica, uma das maneiras de se referir à criação do mundo e à existência de desigualdades sociais se dá por meio de uma metáfora. O universo é comparado a um grande vaso que se quebrou, devido à intensidade da luz divina contida em seu interior. Desde então, o mundo encontra-se em pedaços, o que explicaria sua imperfeição. Cabe às criaturas humanas atuarem proativamente para consertá-lo.

Daí origina-se um dos conceitos mais interessantes do judaísmo, o de “reparar o mundo” – no hebraico, tikun olam (תיקון עולם‎). Mesmo comunidades não religiosas costumam acioná-lo na defesa de valores como os de justiça social e preservação ambiental, de modo a afirmar o compromisso dos indivíduos uns com os outros e com os lugares à sua volta.

A força dessa ideia, que se entrelaça com ideais de outros povos, encontra-se no fato de que não se trata de regressar a um passado mais ou menos idealizado e, sim, de participar da invenção de uma realidade que jamais foi vivida. Nesse sentido, pode-se dizer que, contrariando tendências reacionárias, esta é uma ideia progressista.

Vivemos um momento especialmente difícil.

O 7 de outubro de 2023 representou um marco para muitos judeus. Por um lado, os ataques do Hamas contra o sul de Israel reavivaram traumas do passado e acentuaram uma sensação de vulnerabilidade que muitos ainda não haviam experimentado. Por outro, a resposta de Israel, com ataques à Faixa de Gaza, provocou reflexões sobre a própria responsabilidade diante de ações de um governo que fala em seu nome.

Hoje parece claro que a onda de violência advém de crises que vêm sendo gestadas há muito tempo. Teria sido possível evitá-la?

De todo modo, tragédias como essa não se limitam às fronteiras do Oriente Médio. No Brasil, desigualdades históricas – socioeconômicas, raciais, de gênero – e a destruição ambiental alcançam níveis insuportáveis.

Em meio à realidade fraturada e assumindo uma perspectiva na qual não somos meros destinatários da criação, mas corresponsáveis por ela, este parece ser um momento propício para recuperar a ideia de que é preciso reparar o mundo. Como fazer isso? É o que a 3ª edição do Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo convida a pensar.

Daniel Douek
curador

programação

MESAS FliMUJ 2024 | Como reparar o mundo?

                                                             Todas as mesas contam com intérprete em Libras.

Mesa 1 | 18.09, quarta-feira, 19h

Abertura

Felipe Arruda
Daniel Douek

Como terminar uma guerra?

Com Gershon Baskin
mediação de Thais Bilenky

Ingressos esgotados

Após várias décadas de conflito entre israelenses e palestinos, foram erguidos mais do que cercas, muros e postos de controle: existem barreiras psicológicas que impedem a convivência entre os povos. O que fazer, então, para estancar o ciclo de violência? O ativista Gershon Baskin, internacionalmente conhecido por mediar a negociação entre o governo de Israel e o Hamas na troca do soldado israelense Gilad Shalit por 1.027 prisioneiros palestinos, em 2011, argumenta que não resta alternativa senão mudar o paradigma daquilo que entendemos por paz. Na mesa de abertura do Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo, ele conta sobre sua experiência como mediador e apresenta ideias para que se alcance uma solução.

Esta mesa tem o apoio do Instituto Brasil-Israel.

Gershon Baskin possui mais de 35 anos de experiência na mediação de canais secretos entre israelenses e palestinos. Atualmente, é Diretor do Oriente Médio da ICO – International Communities Organization – e diretor do Holy Land Bond, um fundo de investimento voltado à reconciliação em Israel e Palestina. Foi o responsável pela negociação secreta que resultou na libertação do soldado israelense Gilad Schalit. É colunista de jornais internacionais e autor de vários livros, incluindo Israel e Palestina: um ativista em busca da paz, publicado no Brasil pela Ayllon, selo judaico da Hedra. Baskin reside em Jerusalém e é reconhecido por seu trabalho na promoção da paz, tendo recebido prêmios como o Leading Peace Activist da Fundação de Paz de Luxemburgo.

Jornalista formada pela USP, é colunista do UOL e apresentadora do podcast A Hora. Trabalhou na Folha de S.Paulo, onde foi correspondente em Nova York e repórter de política em Brasília e São Paulo. Na revista piauí, apresentou os podcasts Foro de Teresina e Alexandre.

Mesa 2 | 19.09, quinta-feira, 17h

Que Brasil é esse?

com Carla Madeira e Ilko Minev
mediação Adriana Ferreira Silva

Ingressos esgotados

Muitos são os jeitos de escrever no Brasil. Autores são capazes de nos levar a lugares distantes, onde encontros inesperados acontecem, ou proporcionar um mergulho profundo, dentro de nós mesmos. Podem denunciar processos violentos, oriundos de desigualdades históricas, ou celebrar certa convivência entre grupos tão diversos quanto indígenas e imigrantes – europeus, árabes, judeus –, que formam alianças inusitadas diante de desafios comuns. E a depender da história que se deseja contar, podem dar visibilidade a mazelas sociais, determinantes na vida das personagens, ou a personagens que são sujeitos de suas próprias vidas e se insurgem contra o olhar indulgente que lhes é dirigido. Nesta mesa, a autora mineira Carla Madeira e o autor manauara Ilko Minev, ambos acostumados a frequentar listas de livros mais vendidos do país, dialogam sobre como percepções sobre o Brasil inspiram o seu trabalho e as estratégias de escrita para alcançar tantos leitores.

Carla Madeira é formada em jornalismo e publicidade. Residente na sua cidade natal, Belo Horizonte, é professora de redação publicitária na Universidade Federal de Minas Gerais e atua como sócia e diretora de criação da agência de comunicação Lápis Raro. Em 2014, lançou seu romance de estreia, Tudo é rio, que se tornou um sucesso editorial, com mais de 200 mil exemplares vendidos. Em 2018, o livro ganhou nova edição pela Editora Record. Sua segunda obra, A natureza da mordida, publicada em 2018, também foi bem recebida e esgotou rapidamente sua primeira tiragem, sendo relançada em 2022. Em 2021, Carla lançou seu terceiro romance, Véspera, que explorou as complexidades de uma família desestruturada e a consagrou como uma das autoras brasileiras mais vendidas da atualidade.

Ilko Minev nasceu em Sofia, Bulgária, em 1946. Formado em Filologia pela Universidade de Sofia “St. Kliment Ohridski”, Minev foi perseguido por sua atuação política e, em 1970, fugiu para a Bélgica. Após estudar Economia na Universidade de Antuérpia, mudou-se para o Brasil em 1972. Já em Manaus, teve uma carreira de destaque como Diretor Comercial da Benchimol e da Sociedade Fogas. E exerceu o cargo de Cônsul Honorário dos Países Baixos (Holanda) no estado do Amazonas  durante quase 30 anos. É autor dos livros Onde estão as flores?, A filha dos rios, Na sombra do mundo perdido e Nas pegadas da Alemoa, que podem ser encontrados em português, inglês, espanhol e búlgaro. 

Adriana Ferreira Silva é jornalista, escritora, curadora e pesquisadora de relações de gênero interseccionais com foco em cultura e jornalismo. Atuou como correspondente em Paris e editora nas revistas Marie Claire, Vogue e Veja SP e no jornal Folha de S.Paulo, além de colunista da rádio CBN. É curadora da Jornada Galápagos de Jornalismo, colunista do Nexo Jornal, curadora de literatura da revista Numéro e colaboradora da revista Quatro Cinco Um.

Mesa 3 | 19.09, quinta-feira, 19h

Você quer que eu te conforte ou que eu te confronte?

Com Antonio Prata e Ariana Harwicz
mediação de Rita Palmeira

Ingressos esgotados

Livros podem ser reconfortantes, como um abraço, ou desconfortáveis, como um soco no estômago. Mas a que se presta a literatura e qual o papel fundamental de um autor? Produzir acordos ou estimular controvérsias? Atenuar dissensos ou implodir consensos? Nesta mesa, o brasileiro Antonio Prata e a argentina radicada na França Ariana Harwicz dialogam sobre o sentido de seu trabalho em tempos de polarização ideológica, crise de imaginação, profusão de clichês e cancelamentos.

Esta mesa tem o apoio da Embaixada da França no Brasil.

Antonio Prata nasceu em São Paulo em 1977. É escritor e roteirista e tem catorze livros publicados, entre crônicas, contos e infantis. Em 2013, foi selecionado pela revista Granta como um dos 20 melhores escritores brasileiros com menos de 40 anos. Escreve crônicas aos domingos no jornal Folha de S. Paulo e trabalha como roteirista na Rede Globo, onde participou da equipe das novelas Bang Bang (2006) e Avenida Brasil (2012), A regra do Jogo (2015) e das séries Os experientes (2016, prêmio APCA de melhor série e finalista do Emmy Internacional), Sob Pressão (2017/2018, vencedor do APCA de melhor série) e Pais de primeira (2018, vencedor do prêmio ABRA de melhor roteiro de série cômica). Atualmente escreve a terceira temporada da série Encantado’s, da Rede Globo e Globoplay (APCA 2022 e Prêmio ABRA como melhor série de comédia).

Ariana Harwicz nasceu em Buenos Aires, em 1977, e vive no interior da França desde 2007. É autora de Morra, amor, A débil mental e Precoce — os quais formam a chamada “trilogia involuntária” sobre maternidade e paixão —, além de Degenerado e O ruído de uma época, todos lançados no Brasil pela Instante, que agora prepara a publicação de Perder o juízo. Tem textos publicados em importantes veículos internacionais e em antologias na Argentina, México, Espanha, Estados Unidos e Israel. Suas obras foram traduzidas para mais de 20 idiomas. Morra, amor, finalista do International Booker Prize, será levado ao cinema por Martin Scorsese, tendo Jennifer Lawrence como protagonista.

Rita Palmeira é editora e crítica literária. Doutora em literatura brasileira pela USP, é curadora da Livraria Megafauna e apresentadora do podcast Livros no Centro.

Mesa 4 | 20.09, sexta-feira, 11h

O que fazer quando tudo está em crise?

Com Ligia Gonçalves Diniz e Vladimir Safatle

mediação de Daniel Douek

Retire seu ingresso

A confluência de crises – afetivas, ambientais, econômicas, políticas, psíquicas, sociais – e as tragédias que se anunciam demandam um esforço coletivo para a reinvenção das formas de existir individual e socialmente. Dialogando sobre temas como amor, desejo, ética, feminilidade, masculinidade, política e sexo, a professora de literatura comparada e teoria literária Ligia Gonçalves Diniz e o filósofo Vladimir Safatle refletem sobre como gerar sujeitos capazes de estabelecer relações mais igualitárias entre si e com o mundo.

É professora adjunta de Literatura Comparada e Teoria Literária na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB), com pós-doutorado em Estudos Literários na UFMG. É autora de Imaginação como presença: o corpo e seus afetos na experiência literária (UFPR, 2020) e O homem não existe: masculinidade, desejo, ficção (Zahar, 2024). Atua como crítica literária em publicações como Folha de S.Paulo, Quatro Cinco Um e Gama.

Vladimir Safatle é filósofo, psicanalista, escritor e músico. Nascido no Chile e radicado no Brasil, é professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). É autor de diversos livros, dentre eles Alfabeto das Colisões (2024), O circuito dos afetos: Corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo (2016) e Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico, livro finalista no prêmio Jabuti 2022. Está lançando, pela editora Boitempo, a nova edição de Cinismo e falência da crítica.

Cientista Social, mestre em letras pelo Programa de Estudos Judaicos e Árabes da USP e doutorando  estudos literários e culturais na mesma instituição. Curador do 3° Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo.

Mesa 5 | 20.09, sexta-feira, 15h

Qual é a cor do seu inconsciente?

Com Isildinha Baptista Nogueira e Lia Vainer Schucman
mediação de Ilana Katz

Ingressos esgotados

Um dos aspectos mais perversos do racismo e do antissemitismo é sua capacidade de penetrar no que as pessoas têm de mais íntimo: a subjetividade. Presentes na cultura, nos processos educacionais e nos meios de socialização, essas formas de discriminação agem sobre a mente das vítimas, aprofundando o sentimento de inadequação. Assim, auto-ódio, introjeção e rejeição são sintomas frequentes entre aqueles que têm a sua humanidade negada. Nesta mesa, a psicanalista negra Isildinha Baptista Nogueira e a psicóloga judia Lia Vainer Schucman debatem sobre como resistir à tentação de incorporar as projeções preconceituosas do outro sobre si.

É mestre em Psicologia Social pela PUC-SP e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. Fez sua formação nos Ateliers de Psychanalise, em Paris, com Radmila Zygourys, uma das fundadoras da instituição. Em 2022, foi indicada ao Prêmio Jabuti na categoria de não-ficção pelo livro Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro. É psicanalista e pesquisadora.

Lia Vainer Schucman é Doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo com estágio de Doutoramento no Centro de Novos Estudos Raciais pela Universidade da Califórnia. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisadora de Psicologia e Relações étnico-raciais. É autora dos livros Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Branquitude, Hierarquia e Poder na Cidade de São Paulo (Veneta 2020) e Famílias Interraciais: tensões entre cor e amor (Fósforo, 2022), além de organizadora do livro Branquitude: Diálogos entre racismo e antirracismo (Fósforo 2022).

Ilana Katz é psicanalista e pesquisadora no Instituto de Psicologia da USP e do Laboratório Interunidades de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (LATESFIP/USP). Doutora em Educação, com pós-doutorado em Psicologia Clínica. É integrante da Rede Nacional de Pesquisas em Saúde Mental de Crianças e Adolescentes (SMCA), consultora de Cuidado no Micélio – Programa de Coformação de Jornalistas-Floresta no Xingu, supervisora no Núcleo de Estudos e Trabalhos Terapêuticos (NETT) e colunista de Sumaúma, Jornalismo no centro do mundo. Foi assessora do projeto Primeira Infância na Maré: Acesso a Direitos e Práticas de Cuidado (Redes da Maré- RJ). É conselheira do Projeto Aldeias, no Médio Xingu, e integrante do conselho consultivo do Instituto Cáue — Redes de Inclusão.

Mesa 6 | 20.09, sexta-feira, 17h

Você também se tornou um herege?

Com Avraham Milgram e Leonardo Padura
mediação de Micheline Alves

Ingressos esgotados

Cuba e Israel são dois países que, de maneiras muito distintas, povoam o imaginário das pessoas. No entanto, para quem está longe, é difícil notar as nuances de realidades sempre mais complexas. Melhor para a literatura, que pode desafiar estereótipos e levar o leitor por caminhos surpreendentes. Compartilhando a experiência de viver em sociedades nascidas do sonho socialista, o historiador radicado em Israel Avraham Milgram e o escritor cubano Leonardo Padura conversam sobre a luta pela igualdade e a busca pela liberdade em meio às ortodoxias que nos rodeiam.

Avraham Milgram nasceu em Buenos Aires em 1951 e viveu no Brasil até 1973, mudando-se em seguida para Israel. Estudou História do Povo Judeu na Universidade Hebraica de Jerusalém e doutorou-se no Instituto de Judaísmo Contemporâneo desta mesma Universidade. Foi historiador do Museu do Holocausto em Yad Vashem – onde atualmente é historiador emérito – e da exposição do Pavilhão Judaico nº. 27 em Auschwitz. É autor de Os judeus do Vaticano (1994), Portugal, Salazar e os judeus (2010) e co-autor dos livros Em nome da fé: estudos in memoriam de Elias Lipiner (1999),  Ensaios em homenagem a Alberto Dines (2017), Cultura, ideología y fascismo – sociedad civil iberoamericana y holocausto (2020) e Judeus no Brasil: História e Historiografia – ensaios em homenagem a Nachman Falbel (2021). Na série de memórias dos movimentos juvenis sionistas-socialistas, organizou Fragmentos de Memórias (2010), Encantos e Desencantos (2021) e, por último, No desvanecer do fascínio (memórias dos veteranos do Hashomer Hatzair)

Nascido em Havana, em 1955, Leonardo Padura é romancista, ensaísta, jornalista e autor de roteiros para cinema. É autor de diversos livros traduzidos ao portugês, entre os quais Hereges, onde conta a saga de uma família judia durante a Segunda Guerra Mundial e cujo ponto de partida é um episódio real: a chegada ao porto de Havana do navio S.S. Saint Louis, em 1939, onde se escondiam mais de novecentos refugiados vindos da Alemanha. Pelo conjunto de sua obra, Padura recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Cuba, em 2012, o Princesa de Astúrias, da Espanha, em 2015, o Prêmio Barcino de Novela Histórica, em novembro de 2018, e o Prêmio Pepe Carvalho 2023.

Jornalista e roteirista de televisão. Trabalhou durante vinte anos em publicações impressas e projetos digitais e, desde 2017, é pesquisadora e redatora dos programas Conversa com Bial e Som Brasil, da TV Globo. Mora em São Paulo e tem duas filhas.

Mesa 7 | 21.09, sábado, 11h

Ser ou não ser judeu?

Com Daniel Galera e Olga Grjasnowa
mediação de Antônio Xerxenesky

Ingressos esgotados

Quem sou eu? A que povo pertenço? De quem me diferencio? E por quê? Ele, um escritor brasileiro, filho de mãe judia, frequentou colégio judaico, teve aula de hebraico, celebrou festividades do calendário religioso, mas nunca se identificou como judeu. Até que, com os ataques de 7 de outubro e a guerra em Gaza, se viu novamente refletindo sobre sua relação com o judaísmo. Ela, uma escritora judia, nascida num país socialista de maioria muçulmana – o Azerbaijão –, radicada em Viena e autora de um best-seller que se passa na Síria, em meio à Primavera Árabe. Experimentando trânsitos étnicos, nacionais e religiosos, Daniel Galera e Olga Grjasnowa dialogam sobre as potencialidades da ficção para entender a si mesmo e nos fazer imaginar o lugar do outro.

Esta mesa tem o apoio do Goethe-Institut.

Daniel Galera é escritor e tradutor. Nasceu em 1979 e vive em Porto Alegre. É autor, entre outros, dos romances Mãos de Cavalo, Barba ensopada de sangue e Meia-noite e vinte. Seu livro mais recente, O deus das avencas, é uma reunião de três novelas de ficção especulativa.

Olga Grjasnowa nasceu em 1984 na cidade de  Baku, no Azerbaijão. Viveu por muito tempo em vários países como Polônia, Rússia, Turquia, Israel e Alemanha. Recebeu o Prêmio Klaus-Michael Kühne e o Prêmio Anna Seghers por seu aclamado romance de estreia, O Russo é aquele que ama bétulas. Seu romance de 2016, Deus não é tímido, se tornou um best-seller e vendeu 50.000 cópias. Já publicou um ensaio e cinco romances, sendo o mais recente Julho, Agosto, Setembro, em 2024. Suas obras foram traduzidas para 15 idiomas, adaptadas para rádio e palco e transformadas em filmes. Atualmente, vive em Viena e é professora na Universidade de Artes Aplicadas de Viena.

Antônio Xerxenesky nasceu em 1984, em Porto Alegre, e radicou-se em São Paulo. É escritor, tradutor, professor e editor, autor dos romances Uma tristeza infinita (2021, vencedor do Prêmio São Paulo), As perguntas (2017) e F (2014, finalista do Prêmio São Paulo). É doutor em Teoria Literária pela USP e traduziu dezenas de livros do espanhol e do inglês, incluindo 1984, de George Orwell, Bartleby, de Herman Melville, Temporada de furacões, de Fernanda Melchor, e O romance luminoso, de Mario Levrero. Atualmente trabalha como editor de ficção na Companhia das Letras, onde é responsável pelo selo Penguin-Companhia. 

Mesa 8 | 21.09, sábado, 15h

Quem se importa com os fatos quando estamos em guerra?

Com Fernanda Mena e João Paulo Charleaux
mediação de Anita Efraim

Retire seu ingresso

O que pode ser mais importante do que a própria sobrevivência? E se é pela sobrevivência que se imagina estar lutando, até que ponto as regras da guerra – ou do jornalismo – precisam ser respeitadas? No campo de batalha, informação é uma arma. Assim, talvez seja inevitável que repórteres se comportem como soldados – ou ao menos que sejam percebidos como tais. De todo modo, fica a dúvida: é papel do jornalista tomar parte num dos lados da disputa – o lado mais fraco, o lado mais certo? Ou é à verdade dos fatos que o jornalista deve prestar a sua continência? Nesta mesa, Fernanda Mena e João Paulo Charleaux dialogam sobre a cobertura da guerra e dos direitos humanos e seu impacto na opinião pública.

Fernanda Mena é jornalista, Mestre em Sociologia e Direitos Humanos pela London School of Economics (LSE) e doutora em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). É autora de pesquisas sobre política de drogas, e de reportagens sobre temas ligados a direitos humanos, como segurança pública, desigualdade e diversidade. Foi editora da Ilustrada e do suplemento jovem Folhateen, integrou equipes da revista piauí, do dominical Fantástico, da TV Globo, e do UOL. É autora do podcast Cara Pessoa, sobre direitos humanos na prática.

João Paulo Charleaux é jornalista, escritor e analista. Exerceu as funções de repórter especial, editor, enviado, correspondente, analista e colaborador em publicações como Folha, Estadão, O Globo, Piauí, Nexo, UOL, CBN e CNN. É autor do livro Ser Estrangeiro – Migração, Asilo e Refúgio ao Longo da História, lançado pela Cia. das Letras, no qual aborda com didatismo aspectos ligados aos movimentos populacionais provocados por guerras, catástrofes e perseguições políticas. Atualmente trabalha em um livro sobre as regras da guerra, pela mesma editora. Por sete anos, foi responsável pela comunicação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Anita Efraim é formada em jornalismo pela ESPM-SP e mestre em comunicação política pela Universidad de Chile. É coordenadora de comunicação do Instituto Brasil-Israel e apresentadora do podcast “E eu com isso?”.

Mesa 9 | 21.09, sábado, 17h

Rir agora é de bom tom?

Com Ilana Kaplan e Marcelo Laham
mediação de Rosana Hermann

Retire seu ingresso

Cabe fazer humor em tempos tão sombrios ou seria mais apropriado esperar as coisas melhorarem? Ora, talvez seja justamente nos momentos adversos que o humor se torna ainda mais necessário – não como meio de fugir da realidade, mas principalmente como estratégia para desafiá-la. Afinal, o humor também cumpre um papel de transformação social. Nesta mesa, os atores Ilana Kaplan e Marcelo Laham, que viralizaram fazendo esquetes hilárias dentro de casa durante o período da pandemia, mostram que o humor, mais do que fazer rir, serve para fazer pensar.

Ilana Kaplan nasceu em 1965 em Porto Alegre e iniciou sua carreira teatral aos 20 anos, se destacando principalmente em comédias. Radicada em São Paulo desde 1995, integrou o elenco fixo do show de humor Terça Insana entre 2003 e 2006, criando cerca de 20 personagens. Atuou no espetáculo Baixa Terapia, que lhe garantiu o Prêmio Shell de Melhor Atriz em 2018 e o Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Atriz pela temporada de 2017. Na televisão, participou de várias produções, incluindo Os Normais, A Diarista e a novela Carrossel. Em 2015, integrou o elenco de I Love Paraisópolis, na TV Globo. Durante a pandemia, criou e viralizou com a personagem Keila Mellman, destacando-se pelas suas críticas humorísticas.

Marcelo Laham é roteirista, diretor e ator. Na TV, tem entre os principais trabalhos, as novelas da Rede Globo Espelho da Vida, Babilônia, Malhação, Insensato Coração, Paraíso Tropical e Celebridade. Atualmente, compõe o elenco do sitcom Tem que Suar, no Multishow. No cinema, tem como últimos trabalhos os filmes Minha Irmã e Eu, Um Ano Inesquecível – Inverno, Amor Sem Medida, Dois mais Dois, A Sogra Perfeita, 10 horas para o Natal, Depois a Louca sou eu e Fala Sério, mãe. No teatro, as atuações mais recentes foram na peça musical BeetleJuice, Cais, ou da indiferença das Embarcações, E Se eu não te amar amanhã e Morte Acidental de Um Anarquista, que lhe rendeu o Prêmio PRIO de Humor como melhor Performance de Humor em 2023. Desde 2017, é sócio do canal de humor Embrulha Pra Viagem no YouTube.

Rosana Hermann é Bacharel em Física pela USP, pós graduada em Física Nuclear pela USP, jornalista, escritora e roteirista de humor. É palestrante, twitteira,  tricoteira e maratonista amadora. Fez  pós em neurociência e psicologia positiva pela PUC Paraná e estuda o impacto das Redes Sociais e da Inteligência Artificial em nosso comportamento. Seus livros mais recentes são Celular, doce Lar, sobre nossa dependência dos smartphones e Sempre Raia um Novo Dia, livro de memória de Claudia Raia. Trabalha com comunicação há mais de 3 décadas, é colunista da Folha Online. Faz educação continuada na USP e foi escolhida como uma das pessoas mais influentes de sua geração, pela lista  “Fifty over fifty” da Forbes.

Mesa 10 | 21.09, sábado, 19h

Por que não me avisaram que esse é o melhor livro já escrito?

Com Courtney Henning Novak e Pedro Pacífico
mediação de Marília Neustein

Ingressos esgotados

Quantos livros se pode ler no tempo de uma vida? E como selecionar aqueles que realmente valem a pena? Sabendo que às vezes é preciso desconfiar das escolhas mais óbvias, a autora e influenciadora norte-americana Courtney Henning Novak decidiu ler livros de pelo menos um autor de cada país do mundo. Foi assim que descobriu Machado de Assis. Sua resenha no TikTok sobre o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” viralizou e o escritor brasileiro se tornou um fenômeno de vendas nos EUA – e também no Brasil. Nesta mesa, ela conversa com o bookster Pedro Pacífico sobre como despertar o interesse das pessoas pela leitura. Os dois também revelam o segredo para conseguir ler tanto.

Courtney Henning Novak é escritora, amante de livros e está em uma missão para ler um livro de um autor de cada país do mundo em ordem alfabética. Embora o projeto Read Around the World não seja um concurso, o Brasil está liderando a lista. Seus vídeos sobre Machado de Assis viralizaram nas redes sociais e levaram o autor brasileiro ao topo das vendas na Amazon. Courtney também é autora de quatro livros, incluindo Adventures With Postpartum Depression: A Memoir e o romance Confessions of an Imposter Room Mom, e apresenta um podcast chamado Adventures With My Forties. Vive em Pasadena, Califórnia, com seu marido Nathan, seus filhos Pippa e Julian, dois hamsters e uma enorme quantidade de bichos de pelúcia. 

Pedro Pacífico é advogado e amante dos livros. Em 2017, criou um espaço no Instagram para compartilhar opiniões sobre as leituras que fazia, movido pela vontade de conversar com outras pessoas que também nutrem o amor por esse hábito. Assim nasceu o Bookster. Em 2021, foi reconhecido pela Revista Forbes Brasil como 30 Under 30, na categoria de influenciador digital. Já apresentou dois TEDx: em 2019 no TEDx Campinas e em 2022 no TEDx São Paulo, para mais de mil pessoas. Em 2023, lançou seu primeiro livro, Trinta Segundos Sem Pensar no Medo, pela editora Intrínseca. É também responsável pelos podcasts Daria um Livro e E os Namoradinhos?.

Marilia Neustein é jornalista e diretora de comunicação do Museu Judaico de São Paulo.