A exposição Rastros, com obras do fotógrafo Roberto Frankenberg – brasileiro radicado na França – convida a uma jornada íntima sobre memória e história. Apresentada pela primeira vez em 2015, no “Maio Fotografia” do MIS, sua relevância agora é ainda maior. No contexto atual, ela incita novas interpretações.
As imagens, que hoje fazem parte do Acervo do Museu Judaico de São Paulo, foram feitas entre 2012 e 2014, e abordam uma temática dolorosa: o holocausto e os massacres de minorias durante a Segunda Guerra Mundial. Nelas, sobrevém a história dos antepassados assassinados e a voz de todas as vítimas.
A objetividade dos fatos históricos está nas legendas. As obras não buscam evidências visuais diretas do passado, mas da ausência e da perda. Ao primeiro olhar, as fotos mostram apenas a beleza das paisagens contemporâneas, suas flores silvestres e ervas daninhas, a natureza avançando sobre estruturas abandonadas e arames farpados.
O silêncio é aparente. O que emerge dele é a dimensão invisível, a memória onde persistem marcas, mortes e traumas. “Cinzas e sangue se misturam com a terra”, registrou o artista em suas anotações.
Rastros convoca o visitante a uma imersão. É um memorial vivo, construído pela arte que captura o indizível, e incita ao diálogo sobre a importância de nunca esquecer a história vivida.
Roberta Alexandr Sundfeld
Curadora